Afroempreendedoras: a mãe negra dentro do mercado sustentável 6o512s

Foto: Reprodução/@afromaterna o3952
Atualmente, mais de 15 milhões de pessoas negras empreendem no Brasil. De acordo com a pesquisa “O novo retrato do negro empreendedor brasileiro sob a Ótica da PNAD Contínua”, realizada em 2024 pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), desse total, 32,2% são mulheres.
Essas empreendedoras enfrentam desigualdades significativas em gerir seus negócios, causadas pela discriminação estrutural de raça e de gênero. Além desses desafios, a maior parte delas também precisa aliar suas empresas à maternidade.
Um levantamento feito pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (RME) revelou que 73% das mulheres que empreendem no país são mães, e 68% afirmam que os filhos vieram antes do empreendimento. Esse é o caso de Ana Paula Lins, formada em serviço social e mãe de duas crianças, a Olga, de um ano, e o Caetano de seis.
Ana Paula decidiu começar a empreender após o nascimento do primeiro filho. Ela uniu a vontade de trocar experiências com outras mães com consciência ambiental e ancestralidade para criar a ‘Afromaterna’, uma empresa de fraldas ecológicas com estampas africanas.

“Eu tava querendo muito fazer conexões com outras mães naquele momento do puerpério. E sempre fui muito antenada nas questões da atualidade, né? E uma das coisas que eu sempre estava atenta era a situação climática. Isso que me impulsionou a usar produtos sustentáveis, sabe? Então, o que eu puder fazer para usar produtos sustentáveis, eu faço.”, explicou Ana Paula.
Ao se descobrir grávida, a empreendedora iniciou uma busca para não fazer uso massivo de produtos descartáveis, entretanto, ela notou que não havia opções no mercado pernambucano.
“E aí eu fui pesquisar bastante como substituir. Mas eu não encontrava ninguém de Recife aqui como referência, uma mãe que eu pudesse trocar, que eu pudesse conversar. Com essa minha dificuldade de não encontrar ninguém em Recife, eu pesquisei todas as marcas do Brasil, o que elas usavam, qual era o material. Já que não tem ninguém como referência aqui em Recife, então eu serei essa referência. Eu vou produzir fraldas de pano, com estampas africanas.”
No começo, Ana Paula utilizava os tecidos com estampas africanas por ser o material que estava ao seu alcance, mas rapidamente esse detalhe gerou uma forte identificação para os clientes.

“Isso é bem legal, as pessoas se identificarem como a sua marca, né? E é isso que eu quero. [...] Nunca foi meu intuito empreender, o meu intuito era conversar com mães, era dialogar com outras mães sobre aquilo que eu estava ando, sabe? É mais um conceito do que o produto em si. O produto vem como um plus, mas é tudo aquilo que eu trago do fato da fralda ser ecológica, de ser econômica, e da percepção corporal da criança sem identidade de gênero.”
Apesar de não poder se dedicar totalmente ao empreendedorismo, e das dificuldades devido à sua condição social enquanto mulher negra, Ana Paula reconhece as diversas conquistas da sua marca. Foi representando mães como ela, que em 2024 a empreendedora foi premiada com o 2º lugar nacional no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios na categoria MEI.
“Eu nunca tive essa grana totalmente livre para eu fazer só só isso da minha vida. É algo muito difícil, desgastante, ser mãe, ser negra, ser não só periférica, mas também não ter essa essa renda toda. A gente vai na medida do possível, mas eu já alcancei muita gente, muitos espaços. Tudo que muitas marcas precisam é só serem vistas. E quando elas são vistas, elas vão trilhando, né?”, refletiu.
O trabalho oferecido à sociedade vai ganhando, aos poucos, novos clientes e reconhecimentos.
“Ano ado eu ganhei o prêmio Mulher de Negócios do Sebrae. Foi algo que eu nem esperava, porque eu tava quietinha, na minha... E aí eu fui com meu filho aqui no Sebrae Recife [...] E eu ganhei a premiação do segundo lugar do MEI como mulher de negócios. Eu fiquei muito feliz, que massa ser reconhecida, saber que existe uma potência do empreendedorismo, do negócio materno, para ele ter uma visibilidade e para que eu possa viver disso, um dia, né? Eu tenho muito essa crença de que isso vai acontecer. Mas, eu tô aqui lutando por esse espaço de visibilidade, para um dia chegar lá”, completou Ana Paula.

Empreender no país é o sonho de milhões de brasileiros que desejam não só condições melhores e até mais dignas de vida, mas transformar a própria realidade e também a dos seus semelhantes.

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